sábado, 28 de julho de 2018

UMA HISTÓRIA POR DIA...

Nesta lenda, Sávia Dumont nos recontou uma das mais belas histórias indígenas do Brasil.

OS MENINOS QUE VIRARAM ESTRELAS

            “Quem vai ao Mato Grosso se encanta com o céu estrelado. Conta-se por lá que as estrelas nasceram da amizade entre uns indiozinhos e um beija-flor, que sempre os acompanhava em suas estripulias.
            Certo dia, as índias da tribo foram colher milho para fazer comidas gostosas para seus maridos, que estavam caçando. Depois de debulhar as espigas, cantando despreocupadas, puseram os grãos para secar ao sol. Enquanto o milho secava, as índias foram se banhar no rio.
            Os curumins observavam tudo aquilo loucos para que o milho secasse logo e eles pudessem comer afinal os quitutes prometidos. Mas não tiveram paciência de esperar. Pediram à avó, já bem velhinha, que fizesse logo um bolo para eles. Tanto insistiram, que a vovó fez o bolo, devorado por eles num abrir e fechar de olhos.
            O papagaio tagarela, que a tudo assistia, ameaçava:
            - Vou contar tudo para as índias. Vou contar que vocês usaram o milho e encheram a barriga com o que era guardado para os guerreiros... Vou contar tudo – repetia.
            Com medo de levar uns bons cascudos, os curumins foram correndo se esconder na mata.
            Assim que as índias retornaram à aldeia, o papagaio deu com a língua no bico. Contou o acontecido, tintim por tintim. As mães dos meninos ficaram furiosas e prometeram uma surra  bem dada quando eles  aparecessem.
            Sabendo o que os esperava, os indiozinhos passaram a tarde emendando um no outro os cipós da floresta. Agarraram-se então na corda comprida que assim fizeram e pediram ao amigo beija-flor que pegasse a ponta do cipó no bico e voasse o mais alto que pudesse. E lá se foi a avezinha, levando para o céu o cipó apinhado de meninos.
            As índias, desesperadas, chamavam o beija-flor de volta. Mas quanto mais elas chamavam, mais alto ele voava.
            À medida que iam subindo, os meninos choravam, e cada lágrima que caía virava uma estrela solta no ar. Fascinados, os curumins continuaram a brincadeira e não voltaram mais para a aldeia. Ficaram morando no céu.
            Fez-se um colar imenso de estrelas. Quando a saudade bate forte, mães e filhos trocam olhares. Dizem que em cada estrela que brilha desvenda-se um segredo do Universo."


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